A história da eleição americana mais acirrada da história contada pelos seus 4 principais personagens
Faltam exatos 30 dias para o dia da eleição mais “nunca antes na história” dos Estados Unidos. E nós já estamos aqui há mais de três meses, todos os dias , te contando tudo o que está acontecendo nesta disputa épica. (Claro, a Tixa, essa lagartixa, resolveu fazer a cobertura, o que vocês esperavam?)
E a data merece uma edição extra, BRASEW. Vamos contar a história da eleição americana de 2024 por meio de quatro de seus principais personagens: Trump, Biden, Kamala e os Swing States. Sim, hoje é sábado, mas tem aquele resumão (um resuminho não resolve) de tudo o que já aconteceu e para onde essa disputa está andando.
E se você não sabia disso e não está inscrito na nossa cartinha matinal, corre agora se inscrever e chamar o povo todo porque outubro vai pegar fogo!!!!
1. Donald J. Trump
Era ainda final de junho de 2024, o verão americano só estava começando. Donald J Trump (J de John, descobri há pouco tempo) tinha certeza que ganharia fácil a eleição de Joe Biden, o atual presidente. Seria a revanche da derrota de 2020 quando Biden tirou a reeleição de Trump (por poucos votos). E até ganharia, tivesse o Biden resistido ao primeiro debate entre os dois.
O debate
Espertamente, os democratas resolveram antecipar o primeiro debate para junho. Algo inédito na história da disputa já que nenhum dos dois candidatos tinha sido oficialmente escolhido pelas convenções dos partidos Democrata e Republicano. Durante o debate, Biden simplesmente parecia que ia cair morto a qualquer momento. Sua condição mental parecia estar completamente afetada. 30 dias depois Biden desistiu. Trump ficou inconformado.
O(s) atentado(s)
Trump sofreu um atentado e levou um tiro de raspão na orelha. Saiu com punho erguido dizendo “Lute”. Duas pessoas morreram, inclusive o atirador. Exatamente nesse dia, Elon Musk declarou seu apoio incondicional a Trump.
Uma nova tentativa de assassinato ocorreria quase dois meses depois, mas o Serviço Secreto, desta feita, não deixou o atirador encostar no gatilho.
A convenção
Dias depois do primeiro atentado aconteceu a convenção Republicana, na qual Trump foi praticamente empossado como o novo imperador mundial. Os republicanos esqueceram que Trump é um criminoso condenado pela Justiça, que pagou uma indenização milionária por um processo de estupro, que responde a um processo por tentar acabar com a democracia americana. Tudo isso foi esquecido.
Ele estava tão certo da vitória que escolheu JD Vance como vice, uma espécie de aprendiz de Trump. Descobriu-se mais tarde que era o homem dos gatos (chamou as mulheres sem filhos de mulheres dos gatos e inventou a história dos haitianos que comem gatos).
Mas eis que Trump resolve boicotar seu discurso épico, de união do país, em que contava emotivo (ao estilo Doria) a história do seu atentado.
Quase 30 minutos depois de começar a discursar, ele largou o teleprompter e voltou para seu eterno discurso de fakes e ataques. Era o prenúncio de que a eleição não estava ganha.
Os gatos, os cachorros e os gansos
Trump acredita que tem um caminho para ganhar a eleição: o medo. Para isso inventou uma história de que haitianos estão comendo gatos e cachorros de estimação (e até gansos dos parques) em Springfield (parece história dos Simpsons). É a velha história do comunista comedor de criancinhas. Ele promete que vai mandar todos, absolutamente todos, os imigrantes embora.
A terceira guerra mundial
Outro medo que Trump quer colocar na galera é o de que se os democratas ganharem, haverá a terceira guerra mundial. Com ele tudo será diferente porque ele faz uns telefonemas e acaba com o rolê em dois tempos.
A inflação
Os americanos nunca conviveram com inflação, darling. Mas depois da pandemia, isso foi inevitável. Claro, Trump bota tudo na conta da Kamala.
A fraude
Trump já contratou o seu discurso de fraude. Ele espalha que milhares de imigrantes ilegais vão votar nas eleições. Sua equipe já conseguiu influenciar as regras eleitorais de diversos estados, para que a contagem dos votos demore.
2. Joseph Biden, o Joe Biden
Três dias depois do fim da eleição Republicana, Joe Biden deu um golpe em Trump: anunciou que estava se retirando da disputa e que apoiaria sua vice, Kamala Harris, para o seu lugar. Foi meio como “vocês querem que eu saia, eu saio, mas eu vou escolher quem fica”. (E agora, Trump? Como lidar com uma mulher?)
O debate
Biden se elegeu presidente em 2020, contra Trump, em uma vitória apertada. Ele dizia que seria o presidente da transição. Mas sabe como é, o poder subiu a cabeça e ele queria se reeleger. Mas no debate ficou claro para todo mundo que ele não tinha mais condições e sua capacidade mental para ser presidente por mais um mandato virou a pauta nacional.
A fritura
George Clooney pediu a cabeça dele, o Mickey pediu a cabeça dele, Nancy Pelosi queria a cabeça dele, Obama queria a cabeça dele. O dinheiro para a campanha começou a se esvair. As pesquisas começaram a mostrar Trump 6 pontos na frente.
A capitulação
Joe se entregou depois de longos 30 dias de marmota em que foi vítima de um ataque maciço de seu próprio partido.
3. Kamala Harris
Todos ficaram surpresos em como em tão pouco tempo Kamala conseguiu virar a preferência nacional dos Democratas. Virou coqueluche. O partido abriu mão até de fazer uma convenção aberta para escolher um novo candidato. O dinheiro começou a fluir como nunca. Ela começou a recuperar os pontos perdidos por Biden nas pesquisas. Empatou rapidamente a disputa. Trump ficou simplesmente sem saber o que fazer ou o que dizer sobre ela.
Quem é você?
Kamala foi eleita vice-presidente em 2020, ao lado de Joe Biden. Ela é uma mulher negra e com descedência também asiática. Fez sua carreira política como promotora e procuradora. Quase não apareceu durante o mandato de Biden, mas de repente foi alçada aos holofotes.
O vice bonachão
Não faltavam opções de vice, mas Kamala acabou escolhendo Tim Walz, o governador de um estado que não tem exatamente muita relevância para a eleição, mas que parecia ser o coach amigo (mas coach lá é treinador de futebol, darling) que ia botar fogo na corrida. Ele começou a chamar Trump e Vance de estranhos e parecia que ia botar humor na campanha. Mas depois começou a queimar a língua, com algumas mentirinhas. No debate com Vance foi uma decepção.
O dinheiro de montão
Kamala conseguiu fazer com que o dinheiro jorrasse para sua campanha e está fazendo uma das campanhas mais caras. Sua campanha é três vezes maior do que a de Trump. Ela tem mais dinheiro, mais funcionários, mais voluntários, mais publicidade digital, faz show de luzes de drones, dá pulseiras de shows pop iluminadas em seus comícios.
Ela sabe irritar Trump
No único debate com Trump, ela soube como ninguém irritar Trump. Ela disse que as pessoas iam embora dos seus comícios. Ele desandou a partir dali.
O plano populista
Para lidar com as frustrações dos eleitores com a inflação, Kamala teve uma ideia brilhante: controlar preços. Teve economista neoliberal se contorcendo no túmulo. Ela ainda promete dar dinheiro para pais criarem os primeiros filhos, para comprar casas.
As surpresas de outubro
Outubro mal começou e o governo de Biden e Kamala está tendo que lidar com a Helene e o Bibi. A Helene é um furacão que deixou um rastro de destruição em seis estados americanos. Bibi é o Netanyahu que parece levar os Estados Unidos para o centro da guerra no Oriente Médio. Judeus, palestinos, muçulmanos. Todos votam nos Estados Unidos.
Aborto
Kamala é defensora do aborto (que virou tema central na eleição por conta da decisão suprema de tirar o direito das mulheres e deixar a cargo de cada estado). As pesquisas mostram que até os republicanos passaram a ser a favor porque mulheres estão morrendo pelo país sem atendimento. Trump chegou a dizer que era a favor, mas não convenceu já que foram seus indicados ao Supremo que dificultaram a questão.
Projeto 2025
Ela também usa o Projeto 2025 contra Trump. É uma cartilha de mais de 900 páginas feita por ex-funcionários da adminsitração Trump contando como vão dominar o governo com trumpistas, acabar com o depatamento de educação, perseguir opositores, proibir o aborto e otrascositasmas bem pouco democráticas.
4. Swing States
Os Swing States são chamados de estados campos de batalha, estados pêndulo e no bom português são os estados onde o eleitor é tão indeciso que em determinada eleição vota nos democratas e em outra vota nos republicanos. Eu sempre falo dos campos de batalha, mas hoje usei swing states por motivos óbvios: é o nome mais sedutor e queremos conquistar leitores.
Nos Estados Unidos, são 7 os swing states: Arizona, Nevada, Geórgia, Wisconsin, Michigan, Pensilvânia e Carolina do Norte. Eles são importantes porque a eleição americana é indireta. Ganha quem tiver mais votos no colégio eleitoral. Na prática funciona assim: se um candidato ganha o voto popular em um estado, todos os votos do colégio eleitoral vão para aquele candidato. São necessários 270 votos para ganhar a eleição.
Todo mundo acha que se Kamala ganhar na Pensilvânia, ela ganha as eleições (com base nos estados já considerados ganhos).
O problema é que não está fácil para ninguém. Está tão difícil, que nestas eleições o pessoal acha que tudo vai ser decidido na cidade de Omaha.
Ah! Se empatar no colégio eleitoral, é o Congresso que define o vencedor.
5. CHEGA DE RESUMO
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De olhos nas pesquisas
A ELEIÇÃO MAIS DISPUTA DA HISTÓRIA. Nunca antes uma disputa, faltando 30 dias para a eleição, esteve tão apertada nas pesquisas. Sejam pesquisas nacionais, sejam nas pesquisas nos estados campos de batalha.
Aqui nesse cantinho a gente mostra um agregado de pesquisas que reflete qual a média para um candidato e outro. Pela média calculada pelo RealClearPolitics, Kamala está 2,2 pontos à frente do Trump. Na média do New York Times, com base no projeto FiveThirtyEight da ABC, Kamala está com 2 pontos à frente de Trump. Tecnicamente dá para dizer que estão empatados por conta da margem de erro.
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