Kamala agora diz que Trump não tem saúde e Trump segue sendo o senhor do Apocalipse. Nas pesquisas, estão empatados
Faltam pouco mais de três semanas para a eleição (a propósito, acho que nunca escrevi aqui, mas o dia da votação é em plena terça-feira), e três novas pesquisas divulgadas no fim de semana mostram Kamala Harris completamente empatada com Donald J. Trump. (Ela já esteve seis pontos à frente em algumas pesquisas.)
Li em algum lugar que o número de eleitores que decidirão a eleição de 2024 provavelmente caberia, e talvez nem mesmo enchesse, um estádio de futebol americano universitário. Não conseguiria ser mais precisa do que isso, darling.
Neste cenário em que ninguém sabe nada, muito menos eu, resolvi destacar hoje o que eles andaram falando no fim de semana. O “ele disse, ela disse” que está no título desta carta matinal.
A Kamala resolveu usar o discurso de Trump contra ele e o Trump resolveu continuar promovendo o caos e o medo. Grandes novidades!!!!
She said
Quando Biden ainda era candidato, o esporte preferido de Trump era dizer que o presidente não tinha a menor condição de governar o país porque é velho demais (Trump é só 4 anos mais novo que Biden).
Agora quem coloca dúvidas sobre a capacidade cognitiva de Trump é a Kamala. Por que Trump não quer um novo debate? Por que ele não foi no 60 Minutes? E por que ele não divulga o relatório sobre o estado de sua saúde?
“Isso faz você se perguntar: por que sua equipe quer que ele se esconda? É preciso questionar: eles têm medo de que as pessoas vejam que ele é muito fraco e instável para liderar a América?”
Abre parentêses. Reportagem do Washington Post conta que Trump e sua campanha não querem fact checking durante a participação deles em entrevistas e programas. Eles simplesmente dizem que Trump não vai aparecer em qualquer entrevista que tenha uma checagem do que ele diz em tempo real. Fecha parênteses.
Kamala vai precisar turbinar bem o que diz porque as pesquisas não andam muito boas para ela (e ela anda bem desaparecida das manchetes).
Além de ter perdido a vantagem de 6 pontos que tinha em algumas pesquisas, a abertura de dados por eleitores negros e hispânicos mostra que ela não está conquistando o mesmo nível de votos nestas camadas que votaram fortemente em Biden em 2020 (e o Biden ganhou por muito pouco, o tal estádio de futebol).
Para se ter uma ideia, Biden conquistou 90% dos eleitores negros. Kamala está com o apoio de 80%. Não tá fácil para ninguém.
Aos números:
Pesquisa ABC/Ipsos: 50-48 para Kamala. No mês passado ela tinha seis de vantagem.
Pesquisa CBS/YouGov: 51-48. Era 4 pontos de diferença em setembro.
Pesquisa NBC: 48-48. Kamala liderava por 5 pontos em setembro.
Ou seja, aquele bilhãozinho de dólares que ela arrecadou não está dando o efeito esperado.
He said
Trump continua sendo o senhor do Apocalipse. Neste fim de semana, ele disse que seria preciso botar o Exército na rua porque segundo ele existe uma ameaça de os “lunáticos radicais de esquerda” estarem preparando ações. Ele os chamou de “o Inimigo interno”. Ele disse ainda que dia 5 de novembro é o “dia da libertação.”
“Acho que o maior problema é o inimigo de dentro. Temos algumas pessoas muito más. Temos algumas pessoas doentes, lunáticos radicais de esquerda. Isso deve ser facilmente resolvido, se necessário, pela Guarda Nacional ou, se realmente necessário, pelos militares, porque eles não podem deixar isso acontecer.”
Enquanto isso, o seu vice, DJ, digo JD Vance, deu uma longa entrevista ao New York Times e foi perguntado cinco vezes sobre se Trump perdeu a eleição de 2020 e não respondeu. Por que isso importa, Tixa? Porque a análise é a de que quando Trump ou seu vice simplesmente seguem insinuando que a eleição de 2020 foi fraudada, é porque eles vão dizer de novo que a eleição é fraudada caso percam nos votos.
A republicana Liz Cheney, que declarou voto e está fazendo campanha para a Kamala, disse nesse domingo que ela não acha que o presidente da Câmara vá certificar a eleição de 2024 se Kamala vencer. Aff. O presidente é Mike Johnson, um republicano.
Liz era deputada no famoso 6 de janeiro.
"As alegações de fraude que Donald Trump estava fazendo [em 2020]... ele sabia que eram falsas. Ele foi informado disso, não apenas em discussões comigo, mas também pelo advogado republicano da Câmara. Acho muito importante que os republicanos não sejam maioria na Câmara em janeiro de 2025."
O caos
Uma reportagem do Washington Post mostrou que, no sábado, um funcionário do Serviço Florestal dos EUA, que está apoiando os esforços de recuperação junto com a Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA), enviou uma mensagem a várias agências federais alertando que a FEMA estava aconselhando todos os socorristas no Condado de Rutherford, na Carolina do Norte, a “recuar e evacuar imediatamente”. E por quê? Porque caminhões de milícia armada foram encontrados pela região dizendo que estavam caçando a FEMA.
Para quem está perdido, essa região da Carolina do Norte foi fortemente afetada pelo furacão Helene e essa tal FEMA é a agência que cuida do pessoal que foi atingido. Até ajuda financeira é coordenada por esta agência. Então pensa no caos se o pessoal da agência do governo simplesmente vai embora?
E é sempre bom lembrar que a Carolina do Norte é um dos tais estados campo de batalha, que vai decidir a eleição.
Mas tem mais sobre o Helene hoje. A imprensa americana está dizendo que a tal FEMA errou feio ao não colocar a região da Carolina do Norte como alto nível de risco de inundações. Quando tem o nível de risco elevado, as casas são obrigadas a fazer seguro. Como não tinha, muita gente vai ter dificuldade em reconstruir suas casas.
Isso tudo respinga em quem? Quem? No governo Biden e, portanto, na Kamala.
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De olhos nas pesquisas
KAMALA caindo. Aqui nesse cantinho a gente mostra um agregado de pesquisas que reflete qual a média para um candidato e outro. Pela média calculada pelo RealClearPolitics, Kamala está 1,7 ponto à frente do Trump, estava com mais de 2 pontos até semana passada. Na média do New York Times, com base no projeto FiveThirtyEight da ABC, Kamala está com apenas 2 pontos à frente de Trump. Nas últimas semanas, era comum estar com 3 pontos na frente. Chegou a ficar 4 pontos na frente.
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