Kamala visitou a toca das raposas e não afinou. Já Trump, também visitou o front inimigo mas parecia um sabonete no banho.

Kamala Harris, senhoras e senhores. Finalmente uma manchete sobre ela. Para virar notícia, nada como dar um pulinho na Toca dos Leões, ou seria, na Toca das Raposas? A entrevista que ela deu à FoxNews ontem à noite foi pra lá de “polêmica”. Alguns chamaram de “acalorada”. Enfim, finalmente Kamala se destacou (não importando se ela foi bem ou se ela foi mal).

Basicamente o jornalista e apresentador Bret Baier já começou interrompendo as respostas de Kamala aos 20 segundos de entrevista. Sério. Se não foi 20 segundos, foi 30 segundos. Kamala não conseguia responder. Teve que dizer: me deixe responder. E o cara não parava. Que jornalista faz isso? 

Como alguém escreveu: Kamala não terá mais nenhum debate com Trump, mas ontem ela foi a um debate com Bret Baier. Sim, não pareceu uma entrevista, pareceu um debate. 

Para os Perdidos: A Kamala ir na FoxNews é como se o Lula durante a eleição tivesse ido na Jovem Pan ser entrevistado pela Ana Paula Henkel (aquela do volei).

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Metade da entrevista

E, claro, o primeiro assunto foi imigração. E, claro, tudo perguntado com todas as nuances de direita do assunto. E, claro, eles ficaram metade da entrevista falando desse assunto (mais da metade, na verdade). E, claro, o apresentador botou a culpa na administração dela com Biden que não resolveram os problemas na fronteira. E, claro, ela disse que a culpa foi do Trump que mandou que os republicanos não votassem o projeto de lei que iria mudar o sistema de fronteiras. Ela passou uns 15 minutos repetindo isso. 

Se alguém criticava a Kamala por ela só ir a entrevistas com jornalistas amigáveis, não dá mais para criticá-la. Os caras da Fox apelaram em um nível…. botaram até fotos de meninas jovens que foram mortas por imigrantes. Foi exibido um vídeo de uma mãe discursando no Congresso dizendo que sua filha foi morta por imigrantes. E o entrevistador: você não vai pedir desculpas? Um show de horrores. Nunca vi Trump ser questionado dessa forma. 

E Kamala se saiu bem até. Não pediu desculpas pelos problemas de fronteira (pelo contrário, durante várias partes da entrevista ela disse que era um problema sistêmico, que já vem da administração Trump e que o Congresso é que precisa resolver). Mas disse que sentia demais a perda das meninas. 

Por que ela foi na Fox?

O objetivo da campanha da Kamala ao ir na FoxNews era tentar conquistar alguns eleitores republicanos, especialmente mulheres. Digamos que um entrevistador homem (que está ali para perguntar) e não deixa ela falar, a favorece. As mulheres imediatamente se sentem no lugar de Kamala. Believe me. E ela não deixou o jornalista dominar. Ela se impôs. Se isso vai gerar resultado, ainda estamos para saber nas próximas pesquisas. 

Os outros temas

  1. Republicanos. Os espectadores da FoxNews não escutam muito algumas coisas que Kamala conseguiu falar na entrevista (mesmo sem ter sido perguntada), como, por exemplo, do apoio que ela tem de vários republicanos, inclusive de ex-assessores da administração Trump. 
  2. Democracia. Kamala reforçou como Trump está ameaçando americanos que são democratas e não pensam como ele ao dizer que é preciso um Exército na rua para detê-los. Ele disse isso em uma entrevista. Mas a Fox quis dourar a pílula passando um vídeo em que Trump diz que não disse o que disse. Kamala foi firme ao enfrentar o apresentador e dizer que eles não estavam transmitindo o que ele realmente disse. Neste ponto, ela subiu o tom e disse que os Estados Unidos são uma democracia e não podem ter um presidente que ameaça as pessoas só por pensarem diferente dele. 
  3. Transgêneros. A Fox passou o vídeo de uma entrevista antiga em que Kamala dizia que iria dar o direito de pessoas trans em prisões poderem fazer cirurgia de mudança de sexo. Ao ser confrontada ela disse que isso é lei e que a própria administração Trump seguiu essa lei (o que é verdade).
  4. Biden. A Fox também passou os vídeos de Kamala dizendo que não faria nada diferente de Biden (um erro crasso que ela cometeu em entrevistas recentes). Mas desta vez ela disse com todas as letras que a administração dela será muito diferente da de Biden. A propósito, ontem mesmo Biden disse publicamente que Kamala estava livre para fazer sua própria administração. (será?)
  5. Aborto. Esse era o tema que Kamala mais queria falar já que a maioria das mulheres, republicanas e democratas, apoiam a mudança da lei para a permissão do aborto. Mas, porém, todavia, entretanto, contudo, o Bret Baier não tocou no assunto.
What happens when you try to take Trump seriously? - Boing Boing

Trump também visitou o inimigo

Na mesma noite, Trump também deu uma pisada em solo estrangeiro e foi falar para um público hispânico em uma entrevista que será exibida hoje pelo canal Univision. Tava um doce. Foi perguntado sobre a questão da imigração e pergunta se ele repetiu que vai deportar todo mundo? Not.

Putin, meu amigo

E eu esqueci de contar ontem que Trump foi ao Clube Econômico de Chicago na terça-feira e foi questionado sobre a história do livro do Bob Woodward de que ele teria se encontrado com Putin (considerado o maior inimigo da América) umas sete vezes depois que deixou a presidência e sabe o que ele respondeu? Desviou da pergunta. E em determinado momento disse que se ele tivesse feito seria uma “coisa inteligente”.

Fraude a caminho

O DJ Vance, digo, o JD Vance, finalmente respondeu aquela pergunta se Trump perdeu ou não a eleição de 2020. Ele soltou um retumbante não em evento público na Pensilvânia ontem. Isso, darling, o JD diz que Trump não perdeu a eleição e que aquela eleição teve muitos problemas. Se eles perderem agora já sabem, né?


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De olhos nas pesquisas

QUASE IGUAL. Aqui nesse cantinho a gente mostra um agregado de pesquisas que reflete qual a média para um candidato e outro. Pela média calculada pelo RealClearPolitics, Kamala está 1,6 ponto à frente do Trump, 0,1 a MAIS do que ontem. Na média do New York Times, com base no projeto FiveThirtyEight da ABC, Kamala está 2 pontos à frente de Trump. Igual ontem.

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