Dois furacões passaram destruindo alguns estados americanos a menos de 30 dias da eleição, mas não escutamos os candidatos falando de mudança climática
Helene e Milton vieram lembrar que tem um probleminha no mundo que não vai desaparecer mesmo que everybody finja que não exista: as mudanças climáticas. Há três meses cobrindo todos os dias, com detalhes, os rumos desta eleição americana, posso dizer que este é sem dúvida o assunto mais esquecido desta campanha.
Mas o Milton não esqueceu de ninguém e bateu ontem na Flórida. Duas semanas depois que o furacão Helene já tinha arrasado seis estados americanos.
Foi preciso que um meteorologista chorasse, ao falar do furor do Milton, para que o assunto viesse à tona nesses dias. Quando o veterano John Morales foi falar sobre os motivos de ter chorado ele disse que estava angustiado sobre o número crescente e a gravidade de eventos climáticos extremos e frustrado com a falha da sociedade em mitigar a poluição que está aquecendo o planeta, apesar da certeza científica de que está causando um clima cada vez mais violento.
E os candidatos? cri-cri, cri-cri, cri-cri.
O Trump se ateve a soltar desinformação sobre a ajuda do governo aos atingidos e a Kamala, a Kamala está preocupada em como vai fazer para gastar o US$ 1 bilhão que arrecadou para a campanha.
Sim, US$ 1 bilhão
São mais de 5 bilhões de reais, darling. Esta foi a grana que a Kamala arrecadou em menos de 3 meses. Por isso a campanha está toda trababalhada em coreografia de drones, pulseiras que acendem nos comícios. Quem quer dinheiro?
O problema para Kamala é que ela tem tanto dinheiro, mas o ponteiro não está se movimentando muito e os dois seguem empatados tecnicamente nas pesquisas.
Os jornais noticiam que Trump arrecadou US$ 853 milhões em todo o ano de 2024 até agora. A campanha de Kamala está preocupada que os bilionários pró-Trump despejem uma grana absurda na campanha dele na reta final. Elon Musk, por exemplo, parece bem disposto a torrar dinheiro.
Estados Unidos da Pensilvânia
Se tem um lugar que está recebendo boa parte desse dinheiro, é a Pensilvânia. A sensação é de que a campanha só acontece lá. Elon Musk vai fazer comício com Trump? Vai para a Pensilvânia. Obama vai hoje fazer comício? Vai para a Pensilvânia. Dinheiro para propaganda na TV? Vai para Pensilvânia (mais de US$ 350 milhões das duas campanhas).
A Pensilvânia é aquele estado decisivo porque é um indeciso. Tem ano que a maioria vota para os democratas, tem ano que a maioria vota para os republicanos. E quase sempre o resultado é bem apertado. Como é um estado que tem muito voto no colégio eleitoral (são 19 no total), ele acaba sendo um estado que define mesmo a eleição.
O site Axios traz hoje uma reportagem mostrando que os principais políticos e agentes democratas estão dizendo que os estados vitais de Wisconsin, Michigan e Pensilvânia estão ficando mais difíceis para Kamala e para os candidatos ao Senado (sim, tem eleição para o Senado também).
Os gatos de Ohio
Todo mundo sabe que é mentira que os haitianos de Springfield sejam comedores de pets. O prefeito da cidade, que é republicano, já disse que é mentira. O governador de Ohio (onde fica Springfield), que é republicano, já disse que é mentira. As pesquisas agora mostram que a maioria dos eleitores de Ohio não acredita que eles sejam comedores de pets. Mas, mesmo assim, Trump tem uma vantagem de seis pontos sobre Kamala no estado.
Moral da história: os americanos sabem das mentiras de Trump, mas ele faz o ponto dele na questão da imigração quando fala os absurdos. Seja que os imigrantes são comedores de pets, seja que eles invadem prédios, seja que eles são assassinos em massa.
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De olhos nas pesquisas
NADA MUDOU. Aqui nesse cantinho a gente mostra um agregado de pesquisas que reflete qual a média para um candidato e outro. Pela média calculada pelo RealClearPolitics, Kamala está 2 pontos à frente do Trump, IGUAL ontem. Na média do New York Times, com base no projeto FiveThirtyEight da ABC, Kamala está com 3 pontos à frente de Trump, tudo igual a ontem também.
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