Os candidatos a presidente nem foram oficializados, faltam quatro meses para o dia das eleições ainda, mas parece que o roteirista de Estados Unidos quer concorrer de igual para igual com o roteirista de Brasil.
Saímos de um debate em que Biden apareceu como um zumbi, gerando pânico e clamor entre democratas para que ele desista da eleição, e chegamos neste fim de semana à tragicidade de um atentado à vida de Donald Trump.
E fomos ouvir nossos roteiristas aqui do Brasil, digo, os marqueteiros que estavam na campanha da facada do Bolsonaro. Mas isso está mais lá no fim dessa newsletter, porque você precisa primeiro entender o que aconteceu, né, darling?
O ocorrido.
Trump foi atingido na orelha enquanto começava seu discurso em um comício na Pensilvânia, falando dos imigrantes. (Trump está focado em sua campanha em dizer que tem que deportar todos os imigrantes porque eles são assassinos que foram tirar emprego, lugar nos hospitais e a vida dos americanos.)
O atirador foi identificado pelo FBI como sendo Thomas Matthew Crooks. Ele tinha 20 anos e era um republicano registrado, embora os registros mostrem que ele havia doado 15 dólares para um grupo de eleitores liberais em 2021. Não há notícias de que seja um imigrante ou filho de imigrantes.
O ex-presidente disse nas suas redes que um tiro perfurou a sua orelha, mas não se sabe ainda oficialmente o que aconteceu. Da parte da polícia, foram confirmadas duas mortes. Uma delas, a do próprio atirador. Mas não se sabe ainda como ele conseguiu driblar a segurança e atirar.
Trump passa bem. Já a campanha de Biden, não se pode dizer o mesmo. Se a coisa já estava ruim, só tende a piorar. A começar pela imagem pós-atentado de um Trump ensanguentado, erguendo o punho, com a bandeira americana logo atrás e ele dizendo: Lute.
Traduzindo: de um lado, um Biden que mal conseguia se manter acordado durante um debate (ele mesmo disse que quase dormiu). De outro lado, um Trump que se ergue depois de um atentado e diz lute.
Nasce um Mártin, digo, um mártir
👉 Mal se sabia o que tinha acontecido e os republicanos já saíram distribuindo essa foto de Trump pelas redes. Outros, irresponsavelmente, diziam que Biden é que teria dado as ordens para o atentado.
👉 Do lado dos democratas, a trending era a palavra: encenação.
👉 Muitos dos republicanos já diziam: Trump está eleito.
👉 Alguém conhece esse roteiro?
Os marqueteiros de 2018.
Na campanha de 2018 aqui no Brasil, a tentativa de assassinato de Bolsonaro foi considerada como um turn point daquela eleição. É uma news de eleição americana, darling, tenho que abusar do inglês.
A TixaNews foi ouvir os marqueteiros que participaram da campanha naquela época, para entender como um atentado como este muda o curso de uma eleição.
✔️ O primeiro deles é Marcos Carvalho, que era marqueteiro de nada mais, nada menos do que do próprio Bolsonaro. Eis o que ele nos disse:
“Eu acho que o caso lá em 2018 foi outro porque o Bolsonaro conseguiu chamar uma atenção para ele, de quem tinha uma visão muito caricata dele. Havia pouca atração para quem estava fora da rede. Então quando ele sofre esse atentado, ele chamou uma atenção que não tinha, que não existia. O Trump é diferente. Ele já foi presidente dos Estados Unidos. É um cara conhecido, famoso. Eu acho que não gera esse mesmo efeito.”
✔️ Também falamos com Luiz Flavio Guimarães, conhecido como Lula, e que foi marqueteiro do Geraldo Alckmin em 2018.
"Não dá pra gente descartar que esse é um método já bastante usado em disputas eleitorais pelo mundo, e em geral ficam pouco esclarecidos. Neste caso do Trump, as investigações devem trazer muita polêmica ainda. Mas o que dá pra afirmar é que fatos como esse, podem sim definir a eleição, como ocorreu com Bolsonaro em 2018. Naquele momento, ele passou a ter uma exposição desigual dos concorrentes na cobertura jornalística, deixando de expor suas fragilidades, que vinham sendo percebidas nos primeiros debates. A eleição passou a ser despolitizada, favorecendo o capitão. O mesmo pode ocorrer agora na América tirando o foco dos debates mais fundamentais, trazendo luz somente para o atentado, sua motivação, etc."
✔️ E também ouvimos Elsinho Mouco, que era palpiteiro da campanha de Henrique Meirelles.
"Ainda é muito cedo para especular ganhos ou perdas eleitorais. Mas a minha impressão inicial, e pelo clima e estado da campanha adversária, esse atentado será um duro golpe aos Democratas. (Mas por que os eleitores se comovem tanto?) A forte sensação de medo e de insegurança faz as pessoas se colocarem no lugar do agredido. Assim a vitimização se torna natural e, por consequência, ganha apoio.”
✔️ Lá nos Estados Unidos, a análise que encontramos é de Frank Lutz, que pesquisa as eleições há 30 anos e disse à BBC:
“Acho que você verá mais um ou dois por cento do voto de Trump. A tentativa de assassinato de Donald Trump não afetará em quem as pessoas votam, mas afetará “sua probabilidade de participação.”
Os efeitos
— Biden suspendeu as campanhas que atacam Donald Trump. Exatamente como aconteceu em 2018 aqui no Brasil.
— Elon Musk postou que apoia 100% Donald Trump, assim que o atentado aconteceu. Mais cedo a Bloomberg já havia noticiado que Musk doou uma quantia considerável para a campanha de Trump, mas não se sabe ainda o valor.
— Os democratas suspenderam temporariamente as conversas sobre a substituição de Biden.
O sapato perdido.
👀 Mas não posso deixar de te trazer aqui o pitoresco do ocorrido de ontem, né, darling?
Trump estava preocupado com seu sapato.
O repórter do The Washington Post registrou o que foi dito nos momentos que se sucederam aos tiros. A conversa de Trump com os agentes do Serviço Secreto estava audível porque os microfones seguiam ligados
“Estamos bem?”, disse um dos caras do Serviço Secreto.
“Atirador abatido”, respondeu outro.
“Estamos prontos para nos mudar.”
"Estamos entendidos?"
“Estamos limpos!”
“Deixe-me calçar meus sapatos”, disse Trump enquanto os agentes o levantavam.
“Eu peguei você, senhor.”
“Espere, sua cabeça está sangrando.”
“Deixe-me calçar meus sapatos”, ele disse novamente.
A multidão, ao vê-lo de pé, começou a aplaudir.
“Espere”, disse Trump, e levantou um punho.
“Lute! Lute!”
Então o povo gritou: “EUA!”
“Temos que nos mudar”, disse um agente. Trump manteve o punho erguido enquanto mancava para fora do palco, descendo as escadas e entrando em seu SUV preto.
Um sapato social preto permaneceu no palco com carpete vermelho.
Como você já notou, tudo pode acontecer nestas eleições americanas, darling. E você vai saber de tudo aqui nessa newsletter mais maravilhosa deste BRASEW.
De olhos nas pesquisas
Aqui nesse cantinho a gente mostra como Trump e Biden estão indo por meio de uma média de muitas pesquisas eleitorais que são feitas por lá. Pela média calculada pelo RealClearPolitics, a diferença entre Trump e Biden está em 2,9 pontos. O compilado do New York Times, com base no projeto FiveThirtyEight da ABC, mostra 2 pontos de diferença entre os dois. Era de 3 pontos até o dia anterior. Nenhuma das pesquisas reflete o atentado deste fim de semana.
A gente sabe que e o que acontecer nas próximas eleições americanas pode bagunçar - e muito! - o rolê por aqui. Isso vale na política e nas finanças, darling.
Mas, porém, todavia, entretanto, contudo, a Tixa News traz pra você a boia de salvação: uma newsletter diária com os últimos acontecimentos na terra do Tio Sam. Isso mesmo! De segunda a sexta, um resumo completinho pra você ficar por dentro de tudo e saber direitinho pra onde vai o dinheiro. DE GRAÇA!!! O melhor ROI do mercado!
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