O mundo aguarda ansiosamente pela redução dos juros americanos pelo Fed (o Banco Central dos Estados Unidos). E quando eu escrevo o mundo, é o mundo mesmo. Será a primeira vez desde 2020 (pandemia, lembra?) que o Fed vai cortar juros. Isso influencia a economia de norte a sul do mundo. Até Marte deve estar mais ansioso pelo Fed do que pela chegada do foguete do Mus.

Mas eis que tem uma pessoa que não quer que o Fed corte os juros de jeito nenhum. Quem?

Sim, ele, Donald J. Trump. Acho que é a primeira vez que boto o J. no Trump e fiquei pensando o que esse J. significa. Se der tempo, procuro. 

Basicamente, se você estiver nos lendo já no fim da tarde, a decisão do Fed já terá saído. Mas resolvi falar desse rolê mesmo assim porque terá importância qualquer que seja a decisão. 

Com juros menores, basicamente o pessoal espera que a economia americana responda rapidamente. Além disso, será um reconhecimento de que a luta contra a inflação foi vencida, enquanto Trump fica dizendo que nunca tiveram tanta inflação. E a economia e a inflação estão no topo da lista de assuntos que influenciam os eleitores para este ciclo eleitoral. 

E se os temas estão no top 5, quem ganha com a queda dos juros é obviamente a Kamala Harris que está atrelada ao Biden para o bem e para o mal. 

Trump inclusive verbalizou seus medos. Ele disse que a mudança do Fed para taxas mais baixas (que reduz custo dos empréstimos para os consumidores) é algo que eles sabem que não deviam estar fazendo tão perto de uma eleição. 

Mas como o banco central é independente, a decisão em teoria deve ser técnica e não política. Porque se de um lado o Trump sai prejudicado se o Fed baixar os juros, de outro a Kamala sai prejudicada se o Fed não fizer o que tecnicamente deveria fazer. Aff. Que complexo, hein?

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Smelly Cat

Vamos então mudar de assunto e voltar a falar dos gatos e cachorros. Ou seja, estamos sempre no mesmo assunto.

Finalmente, Kamala deixou de tratar o assunto como piada. Ela foi dar uma entrevista para a associação de jornalistas negros (a mesma em que o Trump questionou se ela era negra) e usou palavras como “retórica odiosa”, “projetadas para nos dividir como país”, “exaustivo e prejudicial.”

“Nem todo mundo tem Serviço Secreto, e há muitas pessoas em nosso país agora que não estão se sentindo seguras.”

Para os perdidos: Trump disse no debate (e depois saiu repetindo) que os haitianos que moram em Springfield são comedores de bichos de estimação. Até ameaça de bombas a escolas e prédios do governo local, teve. 

E sabe como surgiu a história?

O New York Times entrevistou a moradora de Springfield que foi a primeira a postar sobre o assunto no Facebook. O nome dela é Erika Lee e ela disse que se arrepende demais de ter postado, até apagou o post. Ela ouviu que um gato do vizinho tinha desaparecido que os haitianos poderiam ter sequestrado o bichano. Ela correu postar o boato. Mas resolveu checar depois e descobriu que o gato desaparecido não era o gato da filha de um vizinho, como ela achava. Era um gato de um amigo de um amigo da filha da vizinha. Deu no que deu.

a group of soldiers are standing next to a man in a black shirt with a dragon on it

Violência

As ameaças a bomba em Springfield são só mais um, entre tantos atos de violência que estão marcando as eleições americanas. Trump já sofreu duas tentativas de assassinato. Ontem, diversas autoridades eleitorais de diferentes estados receberam correspondências suspeitas com um pó branco dentro. Prédios foram evacuados. As autoridades ainda investigam o que seria. 

Só sei que o NYTimes publicou uma grande análise de como o mundo está olhando para os Estados Unidos e tremendo. (Eu escrevi temendo e o corretor sabiamente substituiu por tremendo.) 

Eis o que diz certo trecho:

“Respondendo à aparente tentativa de assassinato, Carsten Luther, um editor online de relações internacionais, deu voz a profundas preocupações sobre a sobrevivência da democracia americana no respeitado semanário alemão Die Zeit. ‘Os avisos de uma guerra civil podem ser ouvidos e não soam mais completamente irrealistas‘, escreveu ele. ‘Parece quase banal, como se estivesse fadado a acontecer em algum momento.’”

Curiosidade. Aliás, já escrevi isso, mas não custa reescrever. Vocês sabiam que o filme da guerra civil que tem o Wagner Moura foi inspirado em uma pesquisa que mostra que os americanos acreditavam que iriam viver uma guerra civil? Tixa, qual o seu problema de ficar espalhando o medo pelo mundo? Eu tô quietinha, darling, só subindo pelas paredes. 

Pesquisas

As pesquisas começam a mostrar que as chances de Kamala parecem que cresceram no pós-debate. A Morning Consult está dando 6 pontos a mais para Kamala. Foi a pesquisa que mais abriu diferença com Trump. Desde quinta-feira passada, foram divulgadas dez pesquisas. Em apenas duas Trump está na frente com diferença de 2 e 3 pontos. Em todas as outras, Kamala tem pelo menos 4 pontos na frente. Isso já mudou o ponteiro dos agregadores de pesquisa.

DONALD J TRUMP

Donald John Trump. Nem eu esperava por essa!


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De olhos nas pesquisas

EFEITO DEBATE. Aqui nesse cantinho a gente mostra agregados de pesquisas que refletem qual a média para um candidato e outro. Pela média calculada pelo RealClearPolitics, Kamala está 2 pontos à frente do Trump, 0,5 a mais do que na semana passada. Na média do New York Times, com base no projeto FiveThirtyEight da ABC, Kamala está com 4 pontos à frente de Trump. É a primeira vez desde que Kamala entrou na disputa que ela atinge este patamar.

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