Um Trump unificador, espiritual, existencial, sereno, sussurrando palavras doces. “Não há vitória em vencer para metade da América”, leu no teleprompter. Atrás dele, um cenário montado da Casa Branca. Era o presidente falando. “Eu vou contar exatamente o que aconteceu (no atentado), e vocês nunca ouvirão isso de mim uma segunda vez. Porque é realmente muito doloroso contar.”

Por 15 minutos, talvez 20 ou 30, até deu para acreditar que um novo Trump emergia de uma tragédia de quase morte. Só que não! O velho Trump voltou com tudo nos 60 minutos seguintes. Abandonou o teleprompter, berrou, latiu, falou mal de todo mundo.

Haverá sinais

Os sinais já estavam dados de que a coisa descambaria. Ele tentou, mas não chorou enquanto contava seu dia de atentado. Até fez piada dizendo que aprendeu uma coisa nova, de que a orelha sangra pacas. E também foi lá e beijou o uniforme de bombeiro de uma das vítimas do atentado.

Os estrategistas disseram para ele não citar o nome do Biden, mas lá pelas tantas ele não resistiu e falou o nome do presidente. (Mas eu apostaria dinheiro de que o Biden já devia estar dormindo neste momento.)

Acho que rolou até um chinavirus em algum momento do discurso, mas posso estar enganada porque preciso confessar que eu meio que dei uma de Biden e dormi no meio do debate, digo, do discurso.

Chavez

Baixou um Hugo Chavez nele, e a criatura ficou mais de 90 minutos falando e já era uma da manhã e eu acordo as cinco para escrever para vocês e tava muito chato, BRASEW. Pronto, falei. E tô para dizer que o povo da convenção também foi ficando meio entediado porque rolou até conversas paralelas enquanto ele discursava. Se olhar bem, certo que alguém até abriu a boca de sono.

Aliás, em algum momento ele falou da Venezuela. Algo como a violência despencou na Venezuela porque os assassinos se mudaram para os Estados Unidos. Sim, ele ficou 90 minutos falando, precisava falar qualquer coisa.

Foi uma decepção porque eu já tinha planejado tudo. Ia abrir este texto com a frase irônica que o Larry David soltou ontem quando perguntado sobre o humor do partido democrata:

“Que época para estar vivo!", disse ele.

Frase genial para a conjuntura. Trump vivo. Biden vivo. Terremoto em São Paulo. Apagão online no mundo.

E eu estava me achando genial por abrir com a frase genial. E sem contar que o Larry David é aquele que escreveu Seinfeld. E a Tixa, essa lagartixa, acredita que ela é como o Seinfeld, vai estourar na quarta temporada. Então o Trump estragou tudo.

E eu apostaria dinheiro de que os estrategistas dele também acham que ele estragou tudo.

(Pensando aqui, acho que vou botar a frase no título de qualquer jeito).

Sinto o cheiro do fim de semana

Dito tudo isso, o Trump sempre fez supostamente tudo errado e foi eleito presidente uma vez. De qualquer forma, os democratas parece que ficaram felizes com o discurso porque não teriam como lidar com um Trump pacificador pronto para governar para toda a América.

E se o Trump acabou com a minha noite de sono, os democratas estão prometendo acabar com meu fim de semana. Vocês sabem que teoricamente eu escreveria esta carta hoje e depois voltaria só na segunda. Mas estão querendo fazer com que o Biden desista da disputa já no fim de semana. Só se fala disso nos corredores dos sites da imprensa americana.

Vamos aos números que causam pânico nos Dems.

— Trump diz que vai realizar a maior deportação da história americana. Isso deveria afastar os hispânicos, certo? Errado. As pesquisas mostram que Trump está virtualmente empatado com Biden entre os hispânicos. Alguns analistas acham que tem a ver com hispânicos que entraram legalmente estarem ressentidos com quem fura a fila.

— Os negros. Trump teve 5% dos votos dos negros em 2020. A pesquisa New York Times/Siena mostra 26% do eleitorado negro querendo votar no Trump.

— Os homens. Trump teve 8 pontos a mais que Biden de votos de homens em 2020. As pesquisas dizem agora que ele está 22 pontos na frente do Biden.

— Mais mulheres têm intenção em votar em Biden, mas mesmo nesse segmento ele está perdendo força. Então, darling, eis porque querem trocar o Biden a qualquer custo. E dizem que ele agora está propenso a cair fora.

Mulher e negra e presidente?

Se Biden sair, a aposta é que será mesmo Kamala Harris a entrar na disputa. A pergunta que não quer calar? Estariam os americanos prontos para ter uma presidente mulher? E uma mulher negra?

A campanha de Trump aposta tudo nos homens. O seu discurso ontem só tinha macho. O cantor era um macho gritando Lute, lute, lute. Ele chamou até o CEO do UFC, Dana White (que eu jurava que era uma mulher, mas Dana é homem), para fazer sua apresentação. UFC, lute, lute, lute.

Nos outros anos foram Ivanka, sua filha, e Melania, sua esposa.

E a propósito, ele chamou um homem de 39 anos e barbudo para ser seu vice. Zero diversidade. As mulheres que lutem.

Não custa lembrar que faltam praticamente 4 meses para a eleição. Ou seja, absolutamente tudo pode acontecer até lá.

Que época para estar vivo, BRASEW!

PS: Checamos a transcrição do discurso e sim, Trump falou em chinavirus.


De olhos nas pesquisas

Aqui nesse cantinho a gente mostra como Trump e Biden estão indo por meio de uma média de muitas pesquisas eleitorais que são feitas por lá. Pela média calculada pelo RealClearPolitics, a diferença entre Trump e Biden está em 3 pontos, subindo meio ponto em relação ao início da semana. O compilado do New York Times, com base no projeto FiveThirtyEight da ABC, mostra também 3 pontos de diferença entre os dois, e também subindo a diferença em relação ao início da semana.


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