A treta é a seguinte. Desde 2021, o Congresso simplesmente não dá transparência para o que faz com o nosso dinheiro, que é tirado do Orçamento do governo. Esse dinheiro é destinado a deputados e senadores por um dispositivo chamado de emendas parlamentares. Antes elas eram apenas emendas de pagamento obrigatório do governo (emendas impositivas). Todo deputado ou senador tinha direito a alguns milhões para destinar para seus estados. Eles usavam para construir hospitais, estradas, pontes, comprar tratores, construir creches. Podia até ter desvio, mas as informações de quem enviava o dinheiro, para quem e por quê eram obrigatórias. O governo sempre usava (e usa) o pagamento dessas emendas como poder de barganha em votações, mas todo ano, mesmo que seja no último dia do ano, tem que liberar o dindim.
Eis que há 4 anos eles criaram um novo tipo de emenda: as de relator. O relator do Orçamento no Congresso é quem dizia para onde deveria ir o dinheiro e só mandava a ordem para os diferentes ministérios liberarem a grana. Teve, por exemplo, cidade recebendo dinheiro e dizendo que usou para comprar dentaduras para a população. Era tão surreal que para gastar todo o dinheiro enviado, toda a população teria que estar banguela. E adivinha? Ninguém conseguia saber qual congressista mandava o dinheiro e para quem mandava. Por isso, ficou conhecido com o carinhoso nome de Orçamento Secreto. O Supremo acabou com a festa, ainda no fim do governo Bolsonaro.
O que fizeram os digníssimos congressistas? Criaram as emendas Pix (em que as prefeituras recebem diretamente em suas contas o dinheiro, sem precisar dizer o que vão fazer com ele) e as emendas de comissão (as comissões do Congresso é que decidem para onde vai o dinheiro). Novamente o Supremo mandou suspender os pagamentos até que tivesse transparência.
O que fez então, Arthurzito? Criou as emendas de liderança. Ele suspendeu o funcionamento das comissões e para poder liberar a bufunfa fez um documento assinado por 17 líderes partidários (inclusive líderes do governo) para liberação do dinheiro correspondente a mais de 5 mil emendas, sem qualquer transparência sobre quem estava enviando o dinheiro. Um drible no Supremo. O que se sabe é que a maior fatia era para as Alagoas do Arthur Lira (onde ele quer se eleger senador nas próximas eleições).
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