O cemitério virou caso de polícia, digo, de política. Já aconteceu tanta coisa na eleição americana, faltando ainda dois meses para o dia das eleições (é tempo que não se acaba), que chegou aquele momento em que as campanhas começam a discutir sobre cemitérios. A ponto de as páginas dos principais jornais destacarem o assunto. Ok, talvez seja a falta de acontecimentos extraordinários que vêm marcando essa cobertura.

Vamos ao caso

Trump foi convidado para ir homenagear os mortos do Afeganistão no cemitério Arlington, tido como um lugar sagrado para o Exército. Só que pela lei, veja, pela lei, é proibido fazer campanha por lá. Justamente por ser sagrado. Isso significa que não pode ter equipe de campanha gravando ou tirando foto.

O que o Trump fez?

Levou a equipe de campanha para fotografar e filmar, claro. Uma mulher, responsável pelo cemitério, não quis deixar eles entrarem com os equipamentos.

O que a equipe fez

Empurrou a mulher e saiu dizendo que ela tinha problemas mentais.

O que o Exército fez?

Soltou uma nota dizendo que a mulher foi empurrada e reforçando que ela só estava fazendo o trabalho dela.

O que Kamala fez?

Criticou Trump por politizar o cemitério.

O que Trump respondeu?

Postou na sua rede social um monte de declarações dos familiares de soldados americanos mortos atacando a vice-presidente Kamala. Sete das 13 famílias dos mortos criticaram a Kamala. O governo Biden que tomou a decisão de sair do Afeganistão, de forma desastrada.

Nos talk shows de domingo

O senador Tom Cotton, republicano do Arkansas, ajudou a campanha de Trump, criticando Biden e Kamala por ignorarem as famílias dos soldados dos 13 mortos no Afeganistão.

“Onde eles estavam? Joe Biden estava sentado em uma praia. Kamala Harris estava sentada em sua mansão em Washington, DC. Ela estava a quatro milhas de distância — dez minutos. Ela poderia ter ido ao cemitério e honrado o sacrifício daqueles jovens homens e mulheres, mas ela não foi. Ela nunca falou com eles ou teve uma reunião com eles. É por causa da incompetência dela e de Joe Biden que aqueles 13 americanos foram mortos no Afeganistão.”

Cadê a paz em Gaza?

Kamala defendeu enfaticamente a paz em Gaza, mas os acordos que ela e Biden vêm tentando fazer parece que não surtiram efeito. Tudo passava por uma negociação de o Hamas entregar os reféns e Israel cessar fogo. Neste fim de semana, o Hamas entregou reféns, mas mortos.

Os corpos de seis reféns foram devolvidos a Israel, entre eles um americano. Biden disse: "os líderes do Hamas pagarão por esses crimes. E continuaremos trabalhando em direção a um acordo para garantir a libertação dos reféns restantes.”

Como eles vão pagar pelos crimes e ao mesmo tempo fechar um acordo é que está todo mundo querendo ver.

Enquanto isso, o Trump só posta e diz que se ele fosse o presidente nem haveria essa preocupação porque nem teria tido guerra em primeiro lugar

Inveja da autoconfiança do Trump

Trump definitivamente tem certeza de que ele é a última bolacha do pacote. Se você acha que é autoconfiante, é porque você não viu o Trump se gabando de sua habilidade de oratória. Sim, aquela em que ele fica falando por duas horas e muita gente dorme no meio do caminho. Eis o que ele disse:

"Sabe, eu faço a trama. Sabe o que é a trama? Eu falo sobre umas nove coisas diferentes, e todas elas voltam brilhantemente juntas, e é como se, meus amigos que são, tipo, professores de inglês, dissessem, 'É a coisa mais brilhante que eu já vi.’”

E depois ensinou como faz:

“O que você faz é sair de um assunto, para mencionar outro pequeno detalhe. Então você volta ao assunto, e você repete isso, e faz isso por duas horas, e você nem mesmo pronuncia uma palavra errada.”

Aborto

Só está faltando habilidade oratória para lidar com questões como o aborto. Junto com a eleição do dia 5 de novembro, vai ter um referendo na Flórida sobre a questão do aborto. E Trump vota na Flórida. Na quinta-feira, ao ser questionado sobre como ia votar ele disse:

"Vou votar que precisamos de mais de seis semanas."

Desde maio, a Flórida estabeleceu essa restrição de seis semanas para realização de abortos. Quando Trump deu essa declaração, todo mundo achou que ele votaria a favor da emenda 4, que altera a Constituição e amplia o direito ao aborto, inclusive para garantir a saúde da mãe.

Mas na sexta, Trump foi enfático ao dizer que votaria contra a emenda 4. Um dos argumentos que ele usa (completamente fake) é de que essas emendas permitem que bebês que já nasceram sejam mortos. Como se fosse possível caracterizar aborto de um bebê que já nasceu.

E por que Trump vai e volta na questão? Porque mesmo na Flórida, em que Trump está à frente nas pesquisas, a maioria é a favor do aborto. Quase 70% dos eleitores dizem que vão votar a favor da emenda 4.

E por que isso importa? Porque a forma como os candidatos tratam a questão pode ser ser decisiva nas eleições. Kamala, por exemplo, faz toda sua campanha baseada nos direitos reprodutivos das mulheres.

Kennedy

Se você está perdido, você não está sozinho. Tem até um Kennedy na eleição americana: Robert Kennedy Jr. Sim, darling, esse Kennedy era candidato até semana passada. Aí, resolveu tirar sua candidatura para apoiar o Trump e entrou até na equipe de transição de governo do Trump (lá eles criam as equipes antes da eleição). O problema é que a Carolina do Norte não quer tirar o nome dele das cédulas que já foram impressas (sim, lá tem voto impresso).

Então o Kennedy que entrou na Justiça para ter seu nome na cédula da Carolina do Norte, agora vai entrar na Justiça para tirar seu nome na cédula. É que as cédulas já começam a ser distribuídas dia 6 de setembro para quem vai votar pelo Correio (sim, isso é possível nos Estados Unidos).

Mas por que ele quer tirar seu nome de lá? Porque teoricamente isso prejudicaria Trump, pois pessoas poderiam votar nele, Kennedy, em vez de escolher o Trump.

E por que isso importa? Porque todo mundo acredita que essa eleição vai ser vencida no voto a voto.


De olhos nas pesquisas

NADA SAIU DO LUGAR. Aqui nesse cantinho a gente mostra um agregado de pesquisas que reflete qual a média para um candidato e outro. Pela média calculada pelo RealClearPolitics, Kamala está 1,8 ponto à frente do Trump (mísero 0,1 ponto a mais do que na semana anterior). Na média do New York Times, com base no projeto FiveThirtyEight da ABC, Kamala está com 3 pontos à frente de Trump (eram 2 pontos até semana passada).


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