Não tem loss na campanha de Trump nesses últimos dias.

Donald Trump foi dormir ontem um bilhão de dólares mais rico depois que as ações da Truth Social subiram 30%. Sim, darling, Trump tem uma rede social só sua. O Elon Musk doou 45 milhões para a campanha. Uma juíza arquivou o processo sobre os documentos secretos que ele levou para casa. E ele ainda se deu ao luxo de escolher um vice que é uma versão dele mesmo, só que millennial.

Como diz o outro, o que não mata, engorda. E não há dúvidas de que o atentado de sábado engordou a campanha de Trump. Algo que pôde ser notado no primeiro dia da convenção republicana, ontem. A convenção finalmente tornou Donald Trump o candidato oficial do partido. Já era tarde da noite quando ele fez sua aparição ao estilo lutador de boxe indo para o ringue. E a galera correspondeu gritando: Lute! Lute!

Para o Biden restou dar uma entrevista na TV e ninguém nem querer saber da entrevista. Isso depois daquela onda de Fora, Biden, em que todo mundo analisava cada frase que ele dizia em público.

Para os perdidos que chegaram agora no rolê, Trump sofreu um atentado no sábado durante um comício, o tiro pegou de raspão na orelha, ele então se levantou, ergueu um dos braços na pose da resistência e disse: Lute! Lute! Virou grito de guerra, darling.

Já o Biden luta para se manter candidato depois do desastre que foi o primeiro debate em que ele parecia um zumbi boquiaberto, sem a menor condição de administrar seus passos, quem dirá o país. Luta ou lutava. Porque com essa onda vermelha, daqui a pouco vai ser o Biden que vai querer sair e os Democratas que vão querer que ele fique.

O vice

JD Vance, que eu chamaria fácil de DJ se estivesse na rádio neste momento. Guarde esse nome porque a chance desse tal Vance vir a ser o próximo candidato republicano a presidente, segundo o DataTixa, uma organização muito séria toda baseada no achismo, é de uns 89%.

Mas vamos justificar o achismo da DataTixa.

1. Trump escolheu Vance como seu vice. Ele tem 39 anos, é senador por Ohio, mas virou político há apenas dois anos. Era um anti-Trump. Chegou a compará-lo a Hitler em conversas privadas e chamou o trumpismo de heroína cultural. Converteu-se e virou um Trump mais a direita que o próprio Trump.

Aqui sempre dá para notar um toque de estratégia da campanha de Trump para conquistar eleitores.

Estratégia. Em grego strateegia, em latim strategi, em francês stratégie. Caveira!!!

— A eleição americana virou uma discussão sobre a idade dos candidatos. Biden com 81 e Trump com 78. Trump escolheu um vice jovem. Se forem eleitos, Vance será o vice mais jovem ever da história dos Estados Unidos.

— Trump precisa dos votos do povo mais de centro, aquele povo que diz não votar nele de jeito nenhum (o que inclui republicanos), para ganhar a eleição. Escolheu alguém que já disse as piores coisas de Trump, mas agora discursa por aí que quando o conheceu melhor notou que estava errado.

— Ele atrai a classe trabalhadora. Apesar de ser considerado um capitalista de risco, esse povo que investe dinheiro em empresas startups, a sua origem é na classe trabalhadora.

Continuemos no achismo do DataTixa.

2. Se a eleição fosse hoje, Trump ganharia.

3. Se Trump ganhar, ele só pode ser presidente por mais 4 anos porque a Constituição de lá proíbe que uma pessoa seja presidente por mais de dois mandatos. Por que você acha que Obama está fora disputa, darling?

4. Logo, fechando o achismo DataTixa, Vance tem 89% de chance de ser o próximo candidato. Tá bom, tá bom, como se trata do Trump e ele pode cansar do vice a qualquer momento, vamos ser mais conservadores: 50%?

A convenção

A propósito, os estrategistas da campanha de Trump parecem não deixar nada fora do radar. Ontem, no primeiro dia de convenção, boa parte dos oradores eram negros e até representantes de sindicatos de trabalhadores discursaram.

A onda de palestrantes negros do sexo masculino foi particularmente impressionante, escreveu um jornalista do New York Times.

Biden tem muita força entre os trabalhadores porque se voltou para esse público durante todo seu mandato. E também é forte entre o eleitorado negro.

Biden ataca

Mas é bom ser conservador nos achismos do DataTixa porque Vance tem um outro porém. Estar mais à direita do que o Trump.

A campanha de Biden que estava congelada desde o atentado no sábado, conseguiu se movimentar um pouco com a escolha do Vance. Finalmente, podiam atacar alguém.

Os dois pontos escolhidos pelos democratas:

— Vance fará o que Mike Pence (o ex vice de Trump) não fez em 6 de janeiro (Pence assinou a diplomação de Biden mesmo com os protestos ao redor do Capitólio) e;

— Vance é 100% anti-aborto (apesar de também estar dando uma calibrada no discurso). Ser contra aborto tira votos hoje nos Estados Unidos, tanto que Trump moderou seu discurso e começou a dizer que defende aborto de mulheres estupradas, por exemplo.

Trump traders

O mercado financeiro quer mesmo é saber de ganhar dinheiro e ontem estava todo trabalhado na vitória do Trump.

As ações da Trump Media (dona da Truth Social) decolaram e o bitcoin atingiu a maior alta em duas semanas (Trump agora é um pró-cripto).

Mas muito mais ativos podem subir junto com a onda vermelha. O Goldman Sachs identificou 34 ações, desde empresas de telecomunicações até bancos. E ainda tem a Tesla, do Elon Musk. Claro, alguém acha que o Elon Musk doa 45 milhões à toa?

E quem perde? Tudo o que for ação de empresa de energia verde, darling.

Chega que já estamos atrasados para o café.


De olhos nas pesquisas

Aqui nesse cantinho a gente mostra como Trump e Biden estão indo por meio de uma média de muitas pesquisas eleitorais que são feitas por lá. Pela média calculada pelo RealClearPolitics, a diferença entre Trump e Biden está em 2,7 pontos, caindo em relação à semana passada. O compilado do New York Times, com base no projeto FiveThirtyEight da ABC, mostra 2 pontos de diferença entre os dois. Era de 3 pontos até o dia anterior. Como bem alerta o NYTimes, as pesquisas ainda não trazem nenhum reflexo do atentado.


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