As mulheres “me amam, e eu as amo”. Ah, sim, claro, claro, perfeitamente. Trump adora dizer essas palavras, mas desde sexta-feira ele começou uma escalada no seu discurso contra as mulheres, às vésperas de debater contra… uma mulher. É hoje. Tem debate e vai ter cobertura ao vivo no UOL e a TixaNews vai estar lá comentando.

Mas vamos aos casos.

1. Trump se gabou da decisão suprema que acabou com a permissão do aborto (um direito que está sendo reivindicado fortemente pelas mulheres já que alguns estados se recusam até a cuidar de mulheres que estão morrendo por causa da gravidez).

"Fizemos uma grande coisa quando tiramos Roe v. Wade do governo federal.”

2. Ele atacou as mulheres que o acusaram de má conduta sexual (ele inclusive foi condenado a pagar indenização milionária por isso). Juro, ele puxou o assunto sem ninguém perguntar. E ele, inclusive, mandou uma na linha de não merece se estuprada por ser feia.

“Francamente, eu sei que você vai dizer que é uma coisa terrível de se dizer. Mas, isso não poderia ter acontecido, não aconteceu, e ela não teria sido a escolhida. Ela não teria sido a escolhida.”

3. E só para contar mais uma, porque essa é longa, ele simplesmente não sabia o que falar quando foi questionado sobre que parte da legislação ele promoverá para os cuidados infantis. Vou transcrever tudo o que ele disse porque você mesmo precisa analisar:

“Bem, eu faria isso. E estamos sentados. Você sabe que eu era alguém. Tivemos o senador Marco Rubio, e minha filha Ivanka foi tão impactante nessa questão. É uma questão muito importante. Mas acho que quando você fala sobre o tipo de números de que estou falando, porque — olha, creche é creche. É — não poderia, você sabe, é algo que você tem que ter — neste país você tem que ter. Mas quando você fala sobre esses números comparados ao tipo de números de que estou falando, tributando nações estrangeiras em níveis aos quais elas não estão acostumadas — mas elas vão se acostumar muito rápido — e isso não vai impedi-las de fazer negócios conosco, mas elas terão um imposto muito substancial quando enviarem produtos para o nosso país. Esses números são muito maiores do que quaisquer números dos quais estamos falando, incluindo creches, que vão exigir cuidado. Nós vamos ter — espero não ter déficits em um período de tempo relativamente curto, juntamente com as reduções que eu disse a vocês sobre desperdício e fraude e todas as outras coisas que estão acontecendo em nosso país, porque eu tenho que ficar com o cuidado infantil. Eu quero ficar com o cuidado infantil, mas esses números são pequenos em relação ao tipo de números econômicos dos quais estou falando, incluindo crescimento, mas crescimento também liderado pelo que o plano é sobre o qual eu acabei de falar a vocês. Nós vamos receber trilhões de dólares, e por mais que o cuidado infantil seja falado como sendo caro, é, relativamente falando, não muito caro comparado ao tipo de números que receberemos. Nós vamos fazer disso um país incrível que pode se dar ao luxo de cuidar de seu povo, e então nós vamos nos preocupar com o resto do mundo. Vamos ajudar outras pessoas, mas vamos cuidar do nosso país primeiro. Isto é sobre a América primeiro. É sobre tornar a América grande novamente, temos que fazer isso porque agora somos uma nação falida, então cuidaremos disso.”

Eu quero ficar com o cuidado infantil, mas esses números são pequenos em relação ao tipo de números econômicos dos quais estou falando? Ok, ok.

Kamala não é Hillary

1. Quando debateu com Hillary Clinton, ela foi pega no contra-pé não pelo que ela fez, mas pelo o que seu marido fez. Trump estava se defendendo de um vídeo vazado na época em que ele se gabava obscenamente sobre agarrar partes íntimas de mulheres. E aí o que ele fez? Disse que ele só ficava nas palavras, enquanto Bill ia para a ação. Quem não lembra do caso Monica Lewinsky.

É, Brasew, quando você é mulher responde até pelos atos do seu marido.

2. Os analistas apostam, no entanto, que ele vai usar da mesma tática que usou com Hillary de fazer parecer que ela seja pequena e, portanto, inapta para comandar o país.  

Durante o segundo debate de Trump com Hillary, ele estava decidido a diminuí-la fisicamente ao rondar o palco, de pé, para mostrar como ele é muito maior do que ela.

No debate de hoje, eles vão ficar em um púlpito, sem sair do lugar. E mesmo que Kamala não use um banquinho para ficar maior, a TV deve mostrar na maior parte do tempo as imagens dos dois lado e lado, mas não em um único plano.

3. Hillary usou fortemente na campanha a questão de gênero, afinal ela era a primeira mulher concorrendo para ser presidente. Kamala, mesmo sendo a primeira mulher negra, foge desta questão e se apresenta como uma pessoa capaz de comandar o país por seu currículo.

Trump questionou a identidade racial de Kamala. Durante entrevista à CNN, o que ela fez? Só respondeu isso: "mesmo velho e cansado manual. Próxima pergunta, por favor”.

As pesquisas:

Trump está atrás nas pesquisas no eleitorado feminino. Kamala tem 11 pontos a mais com mulheres, de acordo com a pesquisa do New York Times/Siena College divulgada no domingo.

Mas, por incrível que pareça, Biden teve 15 pontos a mais entre as mulheres na eleição de 2020. Entonces, Kamala está bem, pero no mucho.

Expectativa

1. Kamala não enfrentou muitos momentos de improvisação até agora. Na entrevista da CNN, ainda levou o Tim Walz de chaveirinho.

2. Trump é acostumado com televisão. Ele já foi o Roberto Justus de lá. Do Aprendiz, darling. (Aliás, vocês viram que o Justus andou dizendo que o Temer tinha convidado ele para ser candidato naquela eleição que Bolsonaro venceu? Aí sim, teríamos um Trump para chamar de nosso.)

3. Kamala estabilizou nas pesquisas e ainda é pouco conhecida do público. O debate está sendo tratado como um tiro único que ela tem, já que nenhum outro está marcado. Ou seja, é quase um tudo ou nada.

As Republicanas

Liz Cheney, uma republicana conservadora, filha do ex-vice-presidente Dick Cheney, poderosa no círculo, ex-congressista, entrou com tudo na campanha de…. Kamala. Isso mesmo. Uma Republicana conservadora contra Trump

Outro dia ela foi falar com o Texas Tribune e disse:

"Esta é minha maneira diplomática de dizer: eles são porcos misóginos. Trump não é um conservador. Mulheres em todo este país... já tivemos o suficiente. Estas não são pessoas a quem podemos confiar o poder novamente.”

E ainda está botando um fundo de 3 milhões de doletas na campanha da Kamala.

Já a Nikki Haley

Que concorreu nas primárias para tentar ser a candidata e sempre foi muito contra Trump, abraçou a campanha de Trump.


De olhos nas pesquisas

KAMALA CAINDO. Aqui nesse cantinho a gente mostra um agregado de pesquisas que reflete qual a média para um candidato e outro. E o que estamos vendo aqui é a Kamala perdendo tração. Pela média calculada pelo RealClearPolitics, Kamala está 1,2 ponto à frente do Trump, 0,6 ponto a menos do que na semana passada. Na média do New York Times, com base no projeto FiveThirtyEight da ABC, Kamala está com 2 pontos à frente de Trump. Aqui também uma queda, já que na semana passada a diferença era de 3 pontos.


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