Um plano mirabolante de dominação total dos Estados Unidos pelo conservadorismo da extrema direita em um governo Trump tem 900 páginas, está na internet, no site da Heritage Foundation, foi feito em boa parte pela ex-equipe de Trump e atende pelo nome de Projeto 2025. Os detalhes dão inveja a qualquer plano ditatorial.

Obviamente, o tal Projeto 2025 pegou tão mal, tão mal, tão mal, que o próprio Trump disse que não tem nada a ver com isso e que tem muita coisa extremada lá. Também obviamente, a campanha democrata tem usado o tal Projeto 2025 para 'provar' aos eleitores que a democracia vai se acabar.

Mas pegou tão mal, tão mal, tão mal para a campanha de Trump que a notícia, segundo o The Washington Post, é de que o projeto está encerrando as operações políticas e o diretor, que é um ex-funcionário do pessoal da gestão Trump, anunciou que está saindo. E a Heritage Foundation está dizendo que o projeto não fala por Trump.

Tá Tixa, conta logo o que diz o tal projeto. Eu te conto, darling.

Objetivo: Remodelar os Estados Unidos em um molde conservador, ao mesmo tempo em que expande drasticamente o poder presidencial e permite que Trump o use para perseguir seus críticos.

Estratégia:

Inundar a administração pública com pessoas leais a Trump. Foi montado um banco de currículos de “Pessoal Presidencial” para recrutar 20 mil pessoas (não se sabe se eles atingiram a meta). Mais do que experiência, eles faziam um pente fino para saber a filosofia política do interessado. O histórico dos posicionamentos das redes sociais também conta muitos pontos.

Meta:

Ter 4 mil pessoas prontas para assumir a equipe presidencial e gente suficiente para substituir parte dos 50 mil atuais funcionários federais. Assim a administração, desde a saúde até a educação e o clima, seria tomada pelos leais a Trump.

Partes do Plano:

— Corte de programas de saúde LGBTQ.

— Eliminar o Departamento de Educação.

— Cortar programas federais de educação infantil e de baixa renda.

— Colocar o Departamento de Justiça americano (que seria o Ministério Público aqui) e o FBI sob controle presidencial. Assim Trump teria poder de investigar seus oponentes.

— Deportar milhões de imigrantes ilegais, incluindo os dreamers (que são os filhos de imigrantes que nasceram nos EUA.)

— Reprimir até mesmo a imigração legal.

— Eliminar a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, que prevê o clima e monitora as mudanças climáticas. O texto do projeto diz que essa agência é "um dos principais impulsionadores da indústria de alarmes sobre mudanças climáticas.”

— Proibir transgêneros no Exército.

— Revisar todas as promoções de generais e oficiais de alto escalão.

— Proibir pornografia.

— Promover políticas que incentivem "casamento, trabalho, maternidade, paternidade e famílias nucleares.”

— Restringir o acesso a medicamentos para aborto.

Assunto quente

Os estrategistas do Trump chegaram a ligar pessoalmente para a galera do Projeto 2025 pedindo peloamordedeus que eles simplesmente parem.

O Trump disse que não sabe quem está por trás do Projeto 2025, que discorda de “algumas das coisas” que eles estão dizendo e, que “algumas das coisas” são ridículas e abismais (Quais coisas seriam essas, Tixa? O fim da indústria pornô? Que maldade, darling.)

Mas a Kamala, ontem mesmo, esteve pela primeira vez em um comício na Geórgia. E o que se falou no comício? Que o Trump é o Projeto 2025. Significa? Que os democratas vão seguir usando o argumento na campanha. 

O campo de batalha

Na carta de ontem, eu contei que o que importa mesmo é vencer nos tais estados pêndulos ou também chamados estados campo de batalha ou estados nem nem ou estados indecisos (Está perdido? Leia aqui). Eis que saiu a nova pesquisa Bloomberg/Morning Consult exatamente sobre esses sete estados.

A Kamala assumiu a liderança em 4 deles, empatou em um e Trump ganha em dois.

Eis a diferença:

— Pensilvânia - Trump +4

— Michigan - Kamala +11

— Wisconsin - Kamala +2

— Carolina do Norte - Trump +2

— Georgia - empatados

— Arizona - Kamala +2

— Nevada - Kamala +2

Note que, na Pensilvânia, Kamala perde. (Só eu que cada vez que leio Pensilvânia penso no drácula?). E os jornais dizem que vai ser justamente lá, na terça que vem, que ela deve anunciar seu candidato a vice.

O que fez crescer a especulação de que talvez ela escolha justamente o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro. O tal Shapiro é super pop na Pensilvânia, mas parece que ele não é o Drácula não.

Aborto na eleição

Nas eleições americanas, além da escolha presidencial, os estados aproveitam para fazer uma espécie de plebiscito sobre os mais diferentes assuntos. E um dos assuntos do momento é o aborto. Dois estados campo de batalha, Arizona e Nevada, vão perguntar o que os eleitores acham disso. E estão colocando uma boa grana nas campanha pró-aborto por lá.

Como já contei aqui em outra carta, a questão do aborto lá nos EUA é diferente daqui. Lá até o Trump diz que apoia o aborto (em alguns casos) porque os supremos que ele nomeou foram os responsáveis por tirar o direito das mulheres adquirido há mais de 50 anos. O Supremo passou a decisão para os estados e muitos proibiram. O povo revoltou-se.

A Kamala surfa no assunto e o pessoal acredita que quanto mais campanha tiver a favor do aborto no Arizona e em Nevada, mais eleitores serão levados a votar no dia da eleição. E aí aproveitam para votar também para presidente. (O voto não é obrigatório)


De olhos nas pesquisas

Aqui nesse cantinho a gente mostra como estão a média das pesquisas para um candidato e outro. Pela média calculada pelo RealClearPolitics, a diferença entre Trump e Harris está em 2 pontos, subiu 0,3 ponto em relação ao começo da semana. Pela média do New York Times, com base no projeto FiveThirtyEight da ABC, a diferença também está em 2 pontos, a favor de Trump. Era de apenas um ponto na semana passada.


A gente sabe que e o que acontecer nas próximas eleições americanas pode bagunçar - e muito! - o rolê por aqui. Isso vale na política e nas finanças, darling.

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